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martes, 29 de abril de 2008

Sábado, 15 de Dezembro de 2007

Exclusivo: Galeano Fala ao SopaBrasiguaia.com (III)

Por Fernando Fernandes e Guilherme Wojciechowski

Nesta terceira publicação das declarações de Enrique Galeano, o “Kike”, ao SopaBrasiguaia.com, o radialista conta como foi sua saída do Brasil e seu penoso caminho até o refúgio na França, bem como algumas particularidades de seu exílio em terras parisienses.

De São Paulo Para a França

Galeano conta que a falta dos papéis da imigração brasileira, que legalizariam sua estada em território nacional, foi uma das principais dificuldades para que pudesse fazer seu caminho até a Europa:

...como não tinha permissão de entrada, tive de viajar em etapas de São Paulo a Curitiba, de Curitiba a Porto Alegre, de Porto Alegre a Chuí, fronteira seca com uma cidade do Uruguai com o mesmo nome. Ali, cheguei e registrei minha entrada no Uruguai, lhes comuniquei via internet aos três (Andrés Colmán, Oscar Cáceres e Victor Baez Mosqueira, pessoas que ajudaram Galeano em sua estada no Brasil e/ou em sua saída deste país) que já estava no Uruguai (14 de Julho de 2007, 07 da manhã), comprei um celular para ter como falar com eles se houvesse necessidade.

De fato, houve necessidade, porque foi por celular que pudemos saber quando e a que hora estava chegando à rodoviária de Três Cruzes, em Montevidéu. Meu contato em Montevidéu era Juan Castilho, do PIT-CNT (Plenário Intersindical de Trabalhadores / Convenção Nacional de Trabalhadores, central sindical uruguaia).

Ao chegar na rodoviária, uns senhores me receberam e me levaram de carro até o edifício à beira-mar que se chama AEBU, sede da Associação de Empregados Bancários do Uruguai. Ali, me instalaram em um quarto muito cômodo, com ordens na portaria de que não me deixassem sair, que eles se encarregariam de trazer-me as coisas de que necessitava.

Bom, ali estive três dias. Dali, me levaram a outro lugar, logo me trouxeram de volta à AEBU, mas em um quarto mais amplo, já havia polícia fazendo guarda por mim, as pessoas do PIT-CNT também me protegiam. Logo, me tiraram da AEBU de novo e me levaram à sede dos Funcionários Judiciais, logo à casa de um cubano, enfim, esta é outra parte da história que merece um capítulo a parte.

Quase os dois meses restantes eu estive sem comunicação. A guarda policial durou duas semanas, logo a tiraram, a essa altura já havia ido ao SEDHU (Serviço Ecumênico para a Dignidade Humana), uma filial da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) em Montevidéu, mas não tinham onde colocar-me, então, tive que ir a vários outros lugares (um convento, a casa de uma senhora), até que, como já não tinham onde, me levaram à sede da Diretoria Nacional de Informação e Inteligência de Montevidéu. Ali estive muito bem, ainda que sem celular e sem nenhuma comunicação. Ali estive quase todo um mês e algo mais, até que me tiraram para viajar à França.

Na França não estou bem, não tenho apoio de ninguém, exceto da organização France Terre d'Asile, que é um albergue de trânsito para os solicitantes de asilo subvencionado pelo governo. Dão-te as três refeições (alguns dias, péssimas), os quartos são muito bons, dão uma ajuda econômica de 38 euros por quinzena para outros gastos, te proporcionam lugares onde dão aulas de francês (na verdade é uma espécie de encontro de socialização para imigrantes). Aqui, tem-se a liberdade de ir onde se quer, falar com quem quiser e onde quiser. No meu caso, me pediram que não faça contato com nenhuma autoridade paraguaia de forma oficial.

Além do mais, ainda que a comida fosse a melhor, não me serve, porque minha família segue lá (no Paraguai), escondida. É diferente um homem nessa situação, que uma mulher com quatro filhos, e que além do mais não tem a menor idéia do que realmente acontece. Se eu que sou protagonista, já estou quase louco, imagine minha esposa e meus filhos como devem estar.

Frieza

Em carta escrita ao jornalista Andrés Colmán, Galeano fala um pouco mais de sua difícil situação na França. Seguem alguns trechos da carta, acrescentados à entrevista pelo próprio Galeano:

Para que tenhas uma idéia de como é aqui, tem gente que chega engrandecida, achando que vão lhes receber com tapete vermelho e imprensa, com a presença em pessoa do chanceler nacional e tudo.

A desilusão é tão grande que fica-se totalmente desorientado. As pessoas da Cruz Vermelha te recolhem no aeroporto, te colocam num táxi, te levam até o albergue, onde te recebem os TRABALHADORES SOCIAIS, dando a entender, de cara, que estão te AJUDANDO como uma coisa humanitária, é mais ou menos como se tu encontrasses uma pessoa totalmente desprotegida e com fome na rua, o recolhesse, desse comida e uma caminha, mas já de cara lhe deixa claro que “isso é só o que posso fazer por você” e, para piorar, adiciona “conste que ninguém faria isso por ti”.

Aí o engrandecido já caiu ao chão, não te dão a menor chance de que lhes faça fazer mais do que estão “OBRIGADOS” a fazer, essa é a palavra exata, OBRIGADOS por um salário, te dizem, ME PAGAM UM SALÁRIO PARA ISSO, como dizendo-te, não faço por bondade ou humanidade. Aqui não funciona a falsa cortesia, por uma grande bênção da vida por ser que alguém lhe dê algumas explicações fora do estabelecido, mas é uma exceção. Resumo: são extremamente PROFISSIONAIS, porque imagine o que seria ser “CORTÊS” com todas as pessoas que chegam diariamente aqui (mínimo três ou quatro por dia, quando há espaço).

O café da manhã é às oito e meia, me dirás, “está bem, o que tem que ver (?)”. Muito, pois é a forma que encontram para dar-lhe as alternativas enquanto está manuseando seus papéis. Uma: se tens trabalho, não comas aqui, que banque teus gastos, ou que não trabalhes. Enquanto estiver no albergue, ninguém deve saber que estás trabalhando, senão perdes automaticamente o benefício econômico que te dá o governo, inclusive, pode ser motivo de recusa do pedido de asilo. O pior é que simplesmente o recusam, sem explicação e sem opção de apelar, isso me disse uma pessoa que é a segunda vez que tenta asilo.

Cotidiano

As dificuldades no dia-a-dia são com o idioma, principalmente, e a falta de dinheiro para comprar coisas essenciais. Eu estou comendo resto de comida à noite, quase não durmo, normalmente durmo às duas ou três da manhã. Por incrível que pareça, o que me salva um pouquinho é o inglês, que sei dizer algo e entendo algo quando se fala devagar.

Meu maior desejo é ter minha família comigo nem que seja debaixo de uma ponte (claro que se trata de uma força de expressão). Voltar ao Paraguai nessas condições, não creio que seja conveniente nestes momentos. Eu movi muitas cadeiras, minhas denúncias são muito específicas, além disso, as condições econômicas e laborais não são muito alentadoras.

Mas esse não é o maior problema. A coisa é que esse senhor Luis Rocha (Luís Carlos da Rocha, traficante brasileiro, acusado de ter ordenado o “sumiço” de Galeano) segue ali, senão pessoalmente, através de suas propriedades. Então, seus pistoleiros estarão sempre ali e não há lei que possa expulsá-los, estão legalmente, têm propriedades, inclusive em nome de outros, incluída a Estancia Suiza, que dizem é de outra pessoa.

Reservo-me a cota de dúvida a respeito, todos sabemos como isso funciona. De fato, tenho que pedir asilo em outro país, se este não me permite reunir-me com minha família o quanto antes.

Meu maior desejo é que minha família saia do Paraguai, seja para o Brasil ou qualquer outro e dali forçar a entrada deles aqui, como fazem os colombianos, eles vão ao Chile ou Venezuela e dali, em um instante, os enviam para aqui.

Mas como eu não estou ali para fazer esses trâmites, tenho que estar vinculado à grande boa vontade daqueles que querem ajudar-me e estão me ajudando muito. O que acontece é que a nível institucional não se pode quebrar regras, então, tem que ser por vias burocráticas, e isso, meu amigo...


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